O Real Madrid deu neste domingo um passo inédito em sua história de 122 anos. Durante a assembleia anual realizada no centro de treinamento de Valdebebas, o presidente Florentino Pérez apresentou aos sócios um projeto que pode transformar a estrutura institucional do clube e abrir, pela primeira vez desde 1902, espaço para investimento externo — ainda que de maneira controlada.
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Proposta cria empresa subsidiária com sócio minoritário
A mudança prevê a criação de uma empresa subsidiária ligada ao clube, na qual um investidor teria participação minoritária estimada em cerca de 5% das ações. Mesmo com a entrada de capital privado, o controle absoluto continuaria com os quase 100 mil sócios madridistas, preservando o caráter associativo que diferencia o Real Madrid no cenário europeu.
Segundo Pérez, a diretoria passou o último ano avaliando alternativas para expandir receitas e valorizar o clube sem comprometer sua independência. A solução encontrada permitiria ao Real Madrid compreender seu valor de mercado, captar recursos e, ao mesmo tempo, blindar-se de pressões externas.
Sem abertura de capital e com exigência de afinidade institucional
O presidente foi enfático ao afirmar que o clube não tem interesse em abrir capital na bolsa. Qualquer investidor que venha a participar do novo modelo deverá compartilhar os valores e princípios históricos do Real Madrid, atuando, nas palavras de Pérez, como uma “proteção” contra ataques institucionais.
O mandatário citou diretamente adversários que, segundo ele, buscam fragilizar o clube: o presidente de LaLiga, Javier Tebas, a UEFA, setores da arbitragem espanhola e até o Barcelona. Pérez acusou Tebas de atuar “na clandestinidade” para alterar legislações e aumentar a fatia de receitas destinada à liga, o que impactaria diretamente os ganhos do Real Madrid. A mudança estrutural seria, portanto, uma forma de reforçar a autonomia financeira e política do clube.
Processo dependerá de aprovação dos sócios
Para que a proposta avance, será convocada uma assembleia extraordinária reunindo cerca de 2 mil sócios compromissários. Caso esse grupo dê sinal verde, o projeto seguirá para referendo, envolvendo todos os associados maiores de 18 anos. Somente com a aprovação final dos sócios o novo modelo poderá ser implementado.
Pérez voltou a garantir que “o Real Madrid continuará sendo um clube de seus sócios”, mas reforçou que a nova realidade do futebol mundial exige adaptações estruturais profundas para manter o clube competitivo.
Estrutura acionária inédita e ainda pouco detalhada
A solução sugerida não se assemelha à transformação em Sociedade Anônima Desportiva (SAD), padrão da maioria dos clubes profissionais espanhóis. Pelo plano, cada sócio teria direito a apenas uma ação — com valor monetário e possibilidade de transmissão hereditária, limitada a filhos ou netos.
O investidor, por sua vez, teria direito a dividendos proporcionais aos lucros gerados pelo clube, mas não participaria das decisões esportivas ou estatutárias. Os sócios continuariam responsáveis por eleger o presidente e definir mudanças internas, mantendo assim o controle total da instituição. Eles, no entanto, não receberiam dividendos anuais.
Os detalhes desse mecanismo ainda não foram amplamente divulgados. Pérez afirmou que novas explicações serão apresentadas na assembleia extraordinária e pediu cautela em relação às informações publicadas recentemente na imprensa.
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