Nesta semana, dirigentes se reuniram na Comissão Nacional de Clubes, na sede da CBF, para retomar o debate sobre a implementação do Fair Play Financeiro no Brasil.
Estiveram presentes representantes de Fluminense, São Paulo, Fortaleza, Internacional, Vasco, Atlético-GO, Flamengo e Palmeiras. Os frequentes atrasos nos pagamentos, incluindo salários, foram os principais motivadores dessa discussão.
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O tema ganhou mais atenção depois que o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, criticou os investimentos recentes do Botafogo em contratações. John Textor respondeu, afirmando que o clube gasta apenas 45% de suas receitas com salários.
Entenda o que é o Fair Play Financeiro
Trata-se de um conjunto de regras destinadas a controlar as finanças dos clubes, visando garantir sua sustentabilidade a longo prazo e a capacidade de cumprir compromissos com outros clubes, funcionários e o Estado.
As principais ligas europeias já adotam essas normas, assim como a UEFA, que estabelece critérios para que os clubes possam participar de seus torneios.
Veja alguns casos das principais ligas da Europa que usam do Fair Play Financeiro:
Na Espanha, a La Liga estabelece um limite de 70% das receitas orçadas para gastos com salários de atletas e comissão técnica. A dívida líquida, excluindo investimentos em infraestrutura, não pode ultrapassar o total das receitas. Além disso, o saldo entre contratações e vendas de jogadores deve ser inferior a 100 milhões de euros.
Na Inglaterra, a Premier League impõe um limite para prejuízos acumulados, analisando a soma dos resultados antes dos impostos das últimas três temporadas. Um clube pode acumular um prejuízo de até 15 milhões de libras, podendo chegar a 105 milhões de libras se os acionistas aportarem até 90 milhões de libras para reduzir o prejuízo aos 15 milhões de libras originais. Valores acima de 105 milhões de libras não são permitidos.
Para a temporada 2025/2026, a liga estabeleceu novas regras, limitando os gastos a 85% das receitas para salários, encargos, pagamento de agentes e amortizações. Além disso, a folha de pagamento não pode exceder cinco vezes o valor da menor receita com direitos de transmissão da Premier League.
Em âmbito continental, a UEFA introduziu o sistema pela primeira vez em 2009 e realizou mudanças significativas em 2022, estabelecendo um padrão que as ligas nacionais europeias estão começando a adotar. Para o órgão continental, os clubes devem apresentar declarações de que não há atrasos em pagamentos em três períodos: julho, outubro e janeiro. Atrasos superiores a 90 dias intensificam as sanções previstas.
A UEFA estabelece um limite de 60 milhões de euros para prejuízos acumulados ao longo de três temporadas, com a possibilidade de aumentar esse valor para 90 milhões de euros se houver um aporte de até 30 milhões de euros por parte dos acionistas.
As regras atuais também definem um teto para os custos com salários, encargos, agentes e amortizações. Esse limite era de 90% da receita na temporada passada e agora foi reduzido para 80%. Para a temporada 2025/2026, o limite será ajustado para 70%, alcançando o estágio final previsto.
Quais são as consequências de não cumprir o Fair Play Financeiro?
Todos os sistemas estabelecem sanções para o descumprimento das regras. Na Espanha, por exemplo, pode haver a proibição de registrar novos atletas até que o orçamento do clube esteja equilibrado.
Na Premier League, os clubes que não cumprem as normas podem ter pontos descontados, como ocorreu na última temporada com o Everton (perda de oito pontos) e o Nottingham Forest (perda de quatro pontos).
Na Ligue 1, na França, os clubes sancionados podem ser rebaixados. Um caso extremo recente foi o do Bordeaux, hexacampeão nacional, que foi rebaixado para a terceira divisão e declarou falência em julho.
A UEFA pode suspender clubes de participar de suas competições, como ocorreu com o Milan em 2018 e com a Juventus em 2023.
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