Há cinco anos atuando no Brasil como representante da La Liga, a liga profissional de futebol da Espanha, Daniel Alonso acompanha de perto o cenário futebolístico nacional, mantendo relações com clubes locais e deu uma entrevista ao site GE para falar mais sobre La Liga e a visão sobre o Brasileirão.
+Veja tudo sobre o futebol europeu
Para ele, a Espanha serve como um modelo de referência para a transformação do futebol brasileiro, que, na visão dele e da La Liga, tem o potencial de se posicionar entre os cinco maiores em receita no mundo.
Recentemente, dirigentes de alguns dos principais clubes brasileiros se reuniram no Rio de Janeiro para discutir a necessidade de implementar regras de Fair Play Financeiro no país, um passo essencial que as equipes espanholas adotaram há uma década. Segundo Alonso, esse movimento foi crucial para o desenvolvimento dos clubes na Espanha.
O ponto de partida para a transformação da La Liga foi uma legislação federal que obrigou os clubes a venderem os direitos de transmissão de forma coletiva, e não mais individualmente. Segundo o executivo, essa mudança resultou em um aumento significativo das receitas. No entanto, era necessário estabelecer algum tipo de controle para garantir que esse dinheiro fosse bem gerido e não desperdiçado.
Dessa forma, foram estabelecidas regras de controle orçamentário para os clubes. Atualmente, de forma simplificada, a La Liga impõe um limite de até 70% das receitas previstas na temporada para gastos com salários de jogadores e comissões técnicas.
Caso essa regra seja descumprida, os clubes enfrentam sanções, sendo a principal delas a proibição de registrar novos jogadores até que as finanças sejam equilibradas.
Recentemente, os clubes brasileiros iniciaram um movimento para formar uma liga profissional. Contudo, as negociações não alcançaram uma unificação, resultando em dois grupos distintos que estão negociando, principalmente, os direitos de transmissão de suas respectivas partes.
Para Alonso, embora o ideal fosse uma liga unificada, ele considera a atual divisão entre Libra e Liga Forte União como um avanço positivo.
Comentando sobre o futebol brasileiro, Alonso ressaltou a tradição do país no futebol e falou sobre o Brasileirão
“Se você transformar essa paixão, a competitividade, a incerteza, e melhorar as condições aqui, como qualidade dos gramados, por exemplo, e consegue fazer com que os clubes não precisem vender seus talentos tão cedo, a competitividade vai permanecer, e a qualidade vai melhorar. São muitos clubes tradicionais, longo histórico de craques. Tem uma narrativa. Te garanto que em qualquer país que goste de futebol, isso vai pegar.” – Disse Alonso ao GE.
Na visão da La Liga, com mais organização e profissionalismo, o futebol brasileiro tem o potencial de se posicionar entre os maiores em receita no mundo, um ranking atualmente liderado pelas ligas europeias.
“Te falo a opinião do presidente da La Liga, ele falou aos clubes aqui: “Eu enxergo o futebol brasileiro no Top 5 mundial, em receitas”. Ele tem uma noção do valor de cada liga em outros mercados. Ele repetiu, enxerga no Top 5 do mundo” – falou Alonso.
Ele acredita que o Brasileirão possui características raras em outros mercados, sendo a principal delas a competitividade, que permite a vários clubes terem chances reais de disputar e conquistar títulos ao longo da temporada.
“O Brasileirão começa com oito clubes como aspirantes reais a ganhar o campeonato, e pode aparecer um nono. Isso é muito atrativo. A incerteza do que vai acontecer. Para o produto, fora a qualidade do jogo, é muito atrativo. Se você consegue dar uma envelopada melhor e levar para outros países… você já caminhou muito com a marca do futebol brasileiro, o Brasil já é futebol.” – Completou.
+ Siga as redes sociais do R10 Score: Instagram, Threads, Bluesky, Facebook e Linkedin.