O diretor de futebol do Flamengo, José Boto, vive sua primeira grande turbulência desde que assumiu o cargo no início do ano. Após pouco mais de seis meses de trabalho, o dirigente português passou a ser alvo de crescentes questionamentos internos e já não conta com o mesmo prestígio junto a dirigentes, conselheiros e parte do elenco.
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Apesar disso, segue respaldado pelo presidente Luiz Eduardo Baptista (Bap), seu principal fiador no clube. As informações são do site GE.
Internamente, há insatisfação com a condução de processos e o estilo de trabalho de Boto, que já enfrentou atritos com jogadores, empresários e funcionários. Do lado do dirigente, também existe incômodo com o ambiente e a pressão política que se intensificou nas últimas semanas — especialmente após o recuo na contratação do atacante irlandês Mikey Johnston.
Multa rescisória e cláusulas de saída
Uma eventual saída de José Boto, seja por parte do clube ou por iniciativa do dirigente, envolveria o pagamento de uma multa rescisória de aproximadamente R$ 2 milhões. O contrato segue o modelo semelhante ao de jogadores, com vínculo trabalhista e outro de direito de imagem. Neste segundo, há uma cláusula que prevê um bônus de 30% ao Flamengo caso o clube não seja avisado com pelo menos 30 dias de antecedência em caso de demissão unilateral por parte de Boto.
A cláusula se assemelha à que o Flamengo avalia aplicar no caso de Gerson, negociado recentemente com o Zenit, da Rússia. A diretoria entende que o rompimento unilateral do direito de imagem dá ao clube o direito de cobrar o valor integral do contrato, mesmo com o pagamento da multa na rescisão trabalhista.
Críticas aumentam após caso Mikey Johnston
O ponto mais sensível da gestão de Boto ocorreu nas últimas semanas com a tentativa de contratação de Mikey Johnston, do West Bromwich, da segunda divisão inglesa. O atacante estava com viagem marcada ao Rio, mas a forte rejeição da torcida nas redes sociais e a pressão política interna levaram o presidente Bap a intervir pessoalmente e vetar a chegada do jogador.
O episódio expôs o enfraquecimento de Boto nos bastidores e acentuou o desgaste da relação entre o diretor e diferentes setores do clube. A percepção foi de que Mikey estaria em um patamar abaixo do que se espera para reforçar o elenco rubro-negro — sobretudo pelo valor pedido: cerca de R$ 37 milhões.
Negociação de Victor Hugo também gerou incômodo
Outro episódio que aumentou a pressão sobre José Boto foi a negociação do meia Victor Hugo com o Famalicão, de Portugal. A operação previa a saída do jogador de 21 anos sem compensação financeira imediata, o que causou reação negativa entre conselheiros e dirigentes, que cobraram justificativas para a liberação gratuita de um atleta ainda com dois anos de contrato vigente.
Com a pressão interna, o clube optou por congelar a negociação e reavaliar os termos. A condução do processo, mais uma vez, colocou Boto na mira de setores influentes da Gávea e do Ninho do Urubu.
Ambiente tenso nos bastidores, apesar dos bons resultados
Mesmo com o Flamengo em boa fase dentro de campo, brigando na parte de cima do Campeonato Brasileiro e vivo em outras competições, o ambiente nos bastidores está longe de ser tranquilo. Desde sua chegada, José Boto já teve desentendimentos com membros da comissão técnica, jogadores e representantes de atletas.
Embora ainda tenha o apoio de Bap, seu futuro passou a ser discutido nos corredores do clube. Pessoas próximas ao dirigente afirmam que ele está incomodado com o ambiente, mas consideram pouco provável que ele peça demissão com a janela de transferências prestes a ser aberta.
Chegada com status de reforço e desgaste precoce
Quando desembarcou no Rio de Janeiro, em 28 de dezembro, José Boto recebeu tratamento digno de estrela. A FlaTV, canal oficial do clube, fez cobertura ao vivo do seu desembarque, e o dirigente prometeu implementar uma nova filosofia de gestão no futebol do Flamengo. Pouco mais de seis meses depois, o cenário é bem diferente.
Apesar dos bons resultados em campo, os métodos e decisões do diretor geraram controvérsia e colocaram sua continuidade em xeque. Com a janela de transferências prestes a abrir, a gestão Bap terá que decidir se mantém o dirigente à frente do projeto ou se parte para uma nova reformulação.
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