O quarto Vale a Escrita, do R10 Score News, está no ar, e tivemos a oportunidade de receber a brilhante jornalista, escritora, compositora e, não menos importante, torcedora do Botafogo, Aline Bordalo. Ela falou sobre sua carreira, comunicação em geral, a temporada brilhante do Glorioso em 2024 e também sobre Carnaval, onde foi compositora da escola alvinegra.
Aline, aliás, começa falando sobre o que a motivou a fazer jornalismo.
R: “Quando era criança, queria ser escritora. Escrevia vários livrinhos e até uma novela, fiquei pedindo para minha mãe levar na Globo. E também sempre fui apaixonada por futebol, ia assistir aos treinos do Botafogo com meu pai, no Caio Martins.
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Ao escolher o jornalismo, uni essas duas paixões. A princípio, queria trabalhar em jornal impresso, mas, como minha faculdade era voltada para TV, acabei indo para as telas. Comecei na Band como estagiária, mas cobrindo cidade. Naquela época, poucos veículos contratavam mulheres para a editoria de esportes.
Surgiu uma oportunidade na TV Verdes Mares, afiliada da TV Globo no Ceará, e eu corri para lá. Falei para o diretor que queria ser jornalista esportiva, fiz um teste para apresentar o Globo Esporte local, e ele adorou, me colocou no sábado seguinte. Tenho muito orgulho de dizer que fui a primeira mulher no Ceará a trabalhar numa transmissão de futebol como repórter.
Os cearenses são incríveis, tinham um carinho enorme por mim, fui muito feliz lá. Mas, quando voltei para o Rio de Janeiro, não consegui continuar no esporte e precisei recomeçar do zero. Trabalhei em programas policiais, do Datena e do Marcelo Rezende, e somente seis anos depois consegui, finalmente, entrar no mundo esportivo carioca.
Sei que abri portas para muitas mulheres, pois, quando comecei, éramos somente eu e mais uma, no máximo, cobrindo os clubes. Olhando para trás, vejo que tive muita convicção do que queria e lutei muito para conquistar meu espaço e o respeito dos colegas. Hoje, vejo que todos os veículos de comunicação, felizmente, contratam mulheres para o esporte. O preconceito continua, as mais velhas acabam ficando de lado, mas já é um avanço.”
A comunicadora atuou anos na Band do Rio de Janeiro e, agora, trabalha com a mídia alternativa. Assim, Aline destaca as diferenças e até semelhanças entre eles.
R: “Quando pedi demissão da Band, sabia que dificilmente iria para outra emissora (o problema da idade). Como raramente cobria o Botafogo, meu time do coração, resolvi mudar completamente e só falar do clube.
Em vez de assistir aos jogos da tribuna ou do campo, passei a assistir da arquibancada, no meio da torcida, e mostrar para quem não pode frequentar o Niltão tudo o que acontece lá, trazendo o espectador para o Engenho de Dentro.
Levei para o meu canal muito do que fazia – ou gostaria de fazer – nos lugares onde trabalhei. O quadro onde entrevisto as esposas dos jogadores, por exemplo, que faz o maior sucesso, foi uma criação minha para o programa do José Carlos Araújo (Aline no País da Bola). Sempre achei que as esposas dos jogadores têm um papel fundamental no rendimento deles em campo e gosto de apresentá-las para a torcida. Para fazer um canal independente, temos que ter algum diferencial, e isso eu sempre procurei ao fazer minhas reportagens.
A grande diferença é a proximidade com quem te assiste. Na TV, você não tem a menor ideia de quem está te ouvindo, mas, na internet, a interação é constante. Os elogios chegam muito rápido – e as críticas também. Você fica muito mais exposto. Se falar uma coisinha errada, alguém já corta aquele trecho para apontar o erro.
Não é todo mundo que aguenta essa pressão. Mas o reconhecimento também é bem maior; hoje, muito mais botafoguenses me conhecem.”
Sobre o Botafogo, Aline fez um livro sobre o brilhante ano de 2024, quando o clube conquistou a inédita Libertadores da América e também o Campeonato Brasileiro. Aqui, ela destaca como foi o processo de escrita.
R: “Na verdade, comecei a escrever essa história em 2023. Em tempo real, ia relatando tudo o que acontecia dentro e fora dos gramados – o clima antes e depois dos jogos, o que se falava na internet, os memes, as músicas das arquibancadas, as coletivas.

A cada rodada, eu sentava e escrevia, sem saber como iria terminar. Infelizmente, 2023 terminou daquele jeito. Como o livro já estava pronto, resolvi lançá-lo, porém apenas digitalmente (está disponível na internet – Do céu ao inferno: o inacreditável ano de 2023 do Botafogo).
Em 2024, demorei um pouco a começar a escrever, mas, na Pré-Libertadores, me empolguei com os gols do Júnior Santos e decidi continuar. Sabia que aquela história não havia chegado ao fim.
Fiz a mesma coisa: depois de cada jogo, relatava tudo o que estava acontecendo, o sentimento do torcedor, a abordagem da imprensa. E, graças a Deus, o final foi bem diferente.Tenho certeza de que esses dois livros servirão de fonte de pesquisa para as próximas gerações. É um legado que deixo para os torcedores. Se eu escrevesse hoje, não sairia desse jeito, pois foi tudo na emoção do momento.
Escrevi o capítulo da final da Libertadores com lágrimas nos olhos. Além de descrever o que estava sentindo, fiz a transcrição das palavras do Marlon Freitas no vestiário, agradecendo a Deus. Estou empolgada para o lançamento, ver essa história gloriosa estampada nas páginas de um livro. É o meu grande sonho de infância se realizando através do Botafogo.”
Ainda sobre o Botafogo, mas agora sobre a escola de samba do clube carioca, que desfilou pela primeira vez na Sapucaí, Aline, que foi compositora do samba de 2025, falou sobre este momento.
R: “Como uma carioca da gema, sou apaixonada por Carnaval, mas o Carnaval da Avenida. Sou casada com um compositor de samba-enredo, Alexandre Araujo, e há 13 anos acompanho as disputas na São Clemente.
Fizemos um desfile animado, bonito, repleto de emoção e de fácil compreensão. Um belíssimo trabalho para uma escola que surgiu há somente seis anos. Fico orgulhosa de ter feito parte dessa estreia na Sapucaí.

Sobre o desfile: ter permanecido na Série Ouro foi como um troféu. É muito difícil para uma escola tão nova se manter na Sapucaí. Parabéns a todos que trabalharam duro esses meses todos. Fizemos um lindo Carnaval.”
Por fim, Aline falou sobre o momento atual do Botafogo. O time perdeu a Recopa e a Supercopa do Brasil. Assim, a jornalista destaca sua projeção para a temporada atual.
R: “Eu confio muito no John Textor, sei que ele buscou o perfil que mais se encaixava nos seus planos, e isso não é fácil. Claro que fiquei chateada por perder dois títulos nesse início de ano e ver um Botafogo totalmente perdido em campo, mas, depois que ele falou que esses campeonatos são ‘marketing’, me convenceu. Sei que nunca viveremos um ano como 2024, mas quero ver o Botafogo disputando títulos todos os anos, com uma mentalidade vencedora. Sou eternamente grata ao Textor por isso.“, concluiu a brilhante jornalista.
Confira onde acompanhar o trabalho de Aline
https://www.instagram.com/botafogonela/?hl=pt
https://www.youtube.com/@botafogonela
Canal Youtube
https://twitter.com/BotafogoNela
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