O debate sobre a implementação do Fair Play Financeiro no futebol brasileiro tem ganhado força nos últimos meses. A medida busca limitar os gastos dos clubes de acordo com suas receitas, garantindo maior sustentabilidade e equilíbrio entre as equipes.
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Diante desse cenário, o Estadão consultou os 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro para saber se apoiam ou não a regulamentação financeira. Dezesseis clubes responderam, e a maioria demonstrou apoio à iniciativa, enquanto São Paulo, Vasco, Bahia e Botafogo não se manifestaram sobre o tema.
Veja a opinião de todos os 16 clubes:
Flamengo (Não especificou a pessoa)
“O seu clube é a favor do Fair Play Financeiro no Brasil”? “Sim, o Flamengo é a favor de um sistema de Fair Play Financeiro. É importante premiar aqueles que pagam seus impostos e obrigações em dia. O Flamengo entende que os clubes devem se reunir para estabelecer os critérios deste sistema, que precisa passar por um período de transição ao longo de cinco anos, permitindo assim que todos se adequem ao novo momento do futebol brasileiro.”
Ceará (João Paulo, Presidente)
“O seu clube é a favor do Fair Play Financeiro no Brasil”? “ou a favor do fair play financeiro. É uma pauta que se discute entre os clubes desde 2018. Seria muito interessante para os clubes ter uma organização, um planejamento de médio e longo prazo com o monitoramento da CBF em relação ao endividamento dos clubes. Seria muito positivo. O Ceará é totalmente a favor.”
Cruzeiro (Não especificou a pessoa)
“O seu clube é a favor do Fair Play Financeiro no Brasil”? “O Cruzeiro entende que deveria haver um rigoroso controle a respeito dos compromissos financeiros assumidos pelos clubes, tanto em relação às questões internas, como remunerações e premiações destinadas aos próprios atletas, comissões técnicas e colaboradores, como em relação aos demais players do mercado do futebol, como outros clubes, agentes, prestadores de serviços e fornecedores em geral. Dessa forma, haveria mais isonomia nas disputas, pois o cenário atual é de clubes que não arcam com suas responsabilidades, mas continuam realizando investimentos no futebol, competindo contra instituições que zelam por manter todos os compromissos em dia, como é o caso do Cruzeiro.”
Internacional (Dalton Schmitt Jr, VP e Membro do conselho de gestão)
“O seu clube é a favor do Fair Play Financeiro no Brasil”? “Sim, somos a favor. O futebol brasileiro ainda precisa dar passos na estruturação de um ambiente de alta eficiência, e a implementação de regras de sustentabilidade financeira ajudaria a acelerar esse processo. A visão de curto prazo do ambiente dos clubes associativos, com ciclos curtos de gestão, pode levar a decisões econômicas e financeiras que comprometam a sustentabilidade. De outro lado, o novo modelo de SAFs, dependendo da estrutura e dos vínculos societários, igualmente pode levar a caminhos que sejam desconectados de sua real estrutura econômica. Essas diferentes dimensões e conflitos de interesse, potencialmente existentes tanto nos modelos de associação quanto no privado, têm produzido distorções significativas, ora com os clubes elevando significativamente seu endividamento, ora com clubes fazendo elevados investimentos na formação de equipes em proporções desconexas de sua estrutura econômica. Acreditamos ser saudável ao futebol brasileiro a determinação de regras conjuntas que visem estabelecer padrões voltados à eficiência. Naturalmente, não podemos criar modelos que eliminem as vantagens competitivas dos clubes que tenham mais potência de investimento econômico e financeiro. Isso é mérito de sua história, de sua torcida e de sua capacidade de gerar receitas e resultados. Contudo, acreditamos que estabelecer regras de gestão lógicas ajudará o futebol brasileiro em um processo de gestão mais firme e eficiente, trazendo benefícios de alto impacto, mesmo que imponha aos clubes normas de conduta duras e um processo cultural de transformação que não será fácil, mas que é necessário. É preciso estabelecer regras claras para a gestão, adotando indicadores e metas que balizem os investimentos, gastos e despesas, norteadas pela capacidade de geração de receitas dos clubes. Como exemplo de um efeito benéfico dessas regras, isso geraria um natural incentivo à busca de gerar novos ativos, trabalhando a formação de atletas de base. Adicionalmente, é necessário estabelecer regras conectadas à imposição de uma gestão eficiente dos clubes para a participação em competições, bem como políticas de compliance e indicadores que, se não cumpridos, gerem sanções para o descumprimento. Essa construção deveria ser promovida pelas entidades organizadoras do futebol e pelos clubes, assessorada por profissionais especializados e com um período de transição estabelecido para a adaptação de todos às novas regras.
Corinthians (Não especificou a pessoa)
“O seu clube é a favor do Fair Play Financeiro no Brasil”? “O Corinthians apoia a implementação de um modelo de fair play financeiro no futebol brasileiro, desde que seja estruturado com responsabilidade e um plano de médio prazo, respeitando as diferenças financeiras entre os clubes, inclusive dentro da própria Série A. É fundamental que haja um período de transição adequado, permitindo que todos os times se adaptem sem comprometer a competitividade e a sustentabilidade do nosso futebol. Para o futebol brasileiro, um modelo de fair play financeiro precisa equilibrar responsabilidade fiscal e competitividade, respeitando as realidades distintas dos clubes. O ideal seria um sistema baseado em regras claras de controle de gastos, associadas à receita operacional de cada time, garantindo que os investimentos sejam sustentáveis. Além disso, é essencial um período de transição bem estruturado, permitindo que os clubes ajustem suas finanças sem comprometer a qualidade do futebol. Medidas como limite de endividamento, maior transparência na gestão e incentivo à formação de atletas podem fortalecer o futebol nacional sem engessar o crescimento dos clubes. O objetivo deve ser criar um ambiente mais equilibrado e saudável para todos, sem desconsiderar o contexto de cada equipe. Esse é um passo fundamental para o futuro do nosso futebol.”
Atlético Mineiro (Via Paulo Bracks, Diretor Esportivo)
“O seu clube é a favor do Fair Play Financeiro no Brasil”? “Mais do que a favor, consideramos o fair play uma necessidade no futebol brasileiro. Precisa haver uma limitação de gastos proporcional à receita do clube… Qual o limite? Não pode ser infinito. Precisa haver limite. E os clubes precisam publicar seus balanços e auditar essa demonstração financeira. Passou dos limites? Prazo de 1 ano para corrigir, sob pena de sanções severas. E tudo com regras e definições aplicáveis a todos os clubes. A UEFA já está em fases avançadas e discussões permanentes para deixar o sistema melhor entre as Federações, e no Brasil ainda se vê resistência para sentarem os clubes em uma mesma mesa e debater, valorizando o futebol, fortalecendo o nosso esporte. Precisamos de Liga forte e regras claras.”
Fluminense (Via Mário Bittencourt, Presidente)
“O seu clube é a favor do Fair Play Financeiro no Brasil”? “Sim, somos a favor do Fair Play Financeiro. Porque o clube entende que esta é uma das formas mais eficazes de aumentar o equilíbrio competitivo no futebol brasileiro. Tanto é verdade que é um mecanismo adotado nas maiores ligas europeias. As regras devem ser estudadas e adaptadas ao mercado brasileiro, começando com regras simples e objetivas para depois evoluir para conceitos mais rígidos como existe na Europa. Creio que um pontapé inicial poderia ser, por exemplo, a instituição de uma regra na compra e venda de atletas, ou seja, clubes que não cumprem com seus compromissos estarem impedidos de contratar e inscrever esses atletas nas competições.”
Fortaleza (Marcelo Paz, CEO)
“O seu clube é a favor do Fair Play Financeiro no Brasil”? “Sim, nós somos a favor do fair play financeiro e justifico, pois é uma prática consolidada nas principais ligas do mundo e gera uma possibilidade de uma disputa mais justa, de uma disputa não impactada por situações financeiras que causam o que chamo de “doping financeiro”, que seria dinheiro de origem não declarada para clubes de futebol; contratos além da condição financeira; e compras de jogadores para além da condição financeira. Isso gera um ganho esportivo imediato baseado em situações não sustentáveis do ponto de vista econômico. Eu acho que poderia, primeiro, se estudar as melhores práticas de fair-play financeiro ao redor do mundo em outras ligas, pegar as boas experiências para ver o que pode ser adaptado ao futebol brasileiro mas, de imediato, eu acho que um clube que tem um histórico de dívidas que, por exemplo, não paga a compra de jogadores, de forma mais rápida e imediata não deveria por adquirir outros atletas, ficando proibido de contratar enquanto não saldar com as dívidas já assumidas por outras compras em outros momentos. Esse, sem dúvidas, é um item que teria que ter no fair-play financeiro, entre outros que podem ser debatidos como limite de salários, origem dos recursos, o que entra naquela sugestão já dita sobre estudar o que se faz de melhor ao redor do mundo.”
Grêmio (Alberto Guerra, Presidente)
“O seu clube é a favor do Fair Play Financeiro no Brasil”? “O Grêmio é favorável porque entende que o fair play financeiro protege o futebol dentro e fora do campo. Ao impor limites de gastos em relação às receitas, os clubes vão evitar endividamentos excessivos e crises financeiras, o que proporcionará uma operação mais equilibrada e segura no longo prazo. Por outro lado, pode evitar que os Clubes com maiores recursos criem desequilíbrios nas competições, privilegiando o talento e a estratégia dos times. A medida pode também incentivar uma gestão mais responsável e transparente, atraindo mais investidores, patrocinadores e parceiros. Por fim o fair play financeiro pode contribuir para um mercado mais estável, onde os riscos de bolhas financeiras e falências são minimizados, em benefício de todos os que se envolvem com o futebol.”
Juventude (Fábio Pizzamiglio, Presidente)
“O seu clube é a favor do Fair Play Financeiro no Brasil”? “Sim, o Esporte Clube Juventude defende a implantação do Fair Play Financeiro no futebol brasileiro. Consideramos essa medida extremamente importante para garantir a sustentabilidade dos clubes, estabelecendo limites claros entre receitas e despesas dentro do Departamento de Futebol Profissional. Acreditamos que um controle mais rigoroso sobre os investimentos evitaria distorções no mercado, como aconteceu em algumas ligas europeias, onde o aporte de valores excessivamente altos por investidores inflacionou os custos e reduziu a competitividade entre os times. Além disso, entendemos que um cenário mais equilibrado contribuiria para a saúde financeira do futebol brasileiro a longo prazo. O Juventude entende que é essencial estabelecer limites de gastos proporcionais às receitas dos clubes, além de um teto geral de investimentos para evitar desequilíbrios extremos. Defendemos que essa discussão deve envolver todos os clubes e ser conduzida de forma coletiva para que o futebol brasileiro possa garantir maior competitividade, evitando a concentração de recursos nas mãos de poucos e garantindo um crescimento sustentável para todos. No último ano, vimos equipes assumindo grandes dívidas para realizar contratações elevadas na janela de transferências, impactando diretamente o equilíbrio do campeonato. Enquanto isso, o Juventude seguiu sua política de responsabilidade financeira, sem comprometer seu orçamento e sem recorrer a endividamento excessivo.”
Mirassol (Não especificou a Pessoa)
“O seu clube é a favor do Fair Play Financeiro no Brasil”? “O Mirassol Futebol Clube é favorável ao Fair Play financeiro pois entende que a responsabilidade na gestão financeira é uma marca da instituição, que fez inclusive com que, sendo um clube do interior, atingíssemos o patamar em que nos encontramos hoje. Trabalhar com recursos compatíveis com nossas receitas faz parte das nossas práticas desde antes do debate sobre Fair Play financeiro. Acreditamos que, se aplicadas as regras, o não cumprimento deveria ser punido com perda de pontos dentro das competições.”
Palmeiras (Não especificou a pessoa)
“O Palmeiras é favorável à implementação do Fair Play Financeiro. O futebol brasileiro necessita de regulamentação a fim de coibir condutas irresponsáveis, assegurar a isonomia das competições e adquirir maior credibilidade. O Fair Play Financeiro precisaria ser implementado de forma gradual para que todos os clubes pudessem se adaptar às regras, que são indispensáveis para fiscalizar e punir gestões irresponsáveis. Exemplo: um clube que não é capaz de pagar dívidas relacionadas a salários de atletas ou aquisições de jogadores deveria ser impedido de fazer novos investimentos em contratações.”
Red Bull Bragantino (André Rocha, CEO)
“O seu clube é a favor do Fair Play Financeiro no Brasil”? “Sim, porque entendemos que o mercado brasileiro está em processo de franca evolução, com investimentos cada vez maiores, mas muitas vezes aplicados de forma não-sustentável. O Fair Play financeiro nos permitiria entre outras coisas, garantir o crescimento estruturado do nosso mercado. Entendemos que não precisamos criar nada novo, pelo contrário, temos o benefício de buscar o que aconteceu de melhor e também os reveses observados em ligas mais maduras. Precisamos considerar um processo de implementação adequado à nossa realidade, sem dúvidas. Mas não podemos abrir mão de uma aplicação imediata de um licenciamento dos clubes, nos moldes que já observamos em outros mercados.”
Santos (Não especificou a pessoa) “O seu clube é a favor do Fair Play Financeiro no Brasil”? “Com certeza. É uma questão de responsabilidade com o futebol brasileiro. Não é justo que dirigentes gastem o que não podem apenas para trazer resultados a curto prazo e ganhar moral com os torcedores, afundando o clube em dívidas. Isso queima a imagem do nosso esporte, pois, além de não ser bem visto no exterior, a longo prazo, é prejudicial às instituições, o que afeta diretamente na qualidade dos nossos campeonatos. Não é uma questão de quem tem mais ou menos dinheiro, mas sim sobre o discernimento na hora de investir. Até o momento, já paguei mais de R$ 110 milhões em dívidas. Não dá para fingir que não existem as pendências, pois uma hora a conta chega. Temos vários modelos ao redor do mundo para nos inspirarmos, em diversos esportes, afinal, não é uma prática restrita ao futebol. É necessário fazer um balanço de quanto o clube arrecada e traçar um comparativo com os gastos, para verificar se está adequado ao orçamento. A partir daí, as regras precisam ser definidas de forma consensual entre todas as instituições. O mais importante é que possamos acabar com a irresponsabilidade administrativa nas nossas competições.”
Sport (Yuri Romão, Presidente)
“O seu clube é a favor do Fair Play Financeiro no Brasil”? “Sim porque a competitividade de um campeonato como o nosso, ela só se dará a partir do momento que tenhamos um nivelamento entre as equipes participantes. O “produto” Brasileirão só se valorizará quando todos os clubes estiverem em igualdade financeira para montar seus elencos. Acreditamos que essa iniciativa é fundamental para promover a sustentabilidade financeira e a responsabilidade nos clubes de futebol. Isso não apenas beneficia os clubes, mas também os torcedores, os patrocinadores e o futebol como um todo. O Fair Play Financeiro incentiva ainda os clubes a investirem mais em suas próprias estruturas, como bases, academias e infraestrutura, o que é essencial para o desenvolvimento do futebol brasileiro. É fundamental que a regra seja aplicada de forma uniforme e justa para todos os clubes, sem exceções ou tratamentos diferenciados. Outro aspecto importante é a necessidade de uma maior transparência nos clubes, como regra a ser cumprida. Acreditamos que essa regra deve ser aplicada em conjunto com outras medidas que visem promover a sustentabilidade financeira dos clubes. É todo um processo que os clubes e o sistema futebol como um todo precisará se adaptar.”
Vitória (Fábio Mota, Presidente)
“O seu clube é a favor do Fair Play Financeiro no Brasil”? “É evidente que o Vitória é a favor. Um clube como o Vitória se esforça muito para honrar seus compromissos e você vê um concorrente que deve 10, 20 vezes o que arrecada, fazendo investimento, não pagando salários, luvas e, no final, terminar na frente de quem faz tudo certo. Temos que ter responsabilidade. Não precisa criar nada aqui, basta copiar o que é feito nas grandes ligas europeias, França, Alemanha, Holanda. É muito simples: é só determinar que o clube não possa gastar mais do que arrecada, inclusive com penalidades que têm que ir na individualidade do patrimônio do dirigente.”
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