Teremos rebaixamento no futebol dos Estados Unidos! Em um movimento histórico que pode transformar o cenário do futebol profissional nos Estados Unidos, os proprietários da United Soccer League (USL) aprovaram, com supermaioria, a adoção do sistema de promoção e rebaixamento entre suas divisões.
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A decisão, tomada em votação nesta terça-feira (18), marca a primeira vez que uma entidade profissional do futebol norte-americano adere formalmente ao modelo amplamente utilizado ao redor do mundo.
A USL, que atualmente administra duas ligas profissionais — a USL Championship (segunda divisão) e a USL League One (terceira divisão) —, pretende aplicar o novo sistema ao longo de toda a sua pirâmide. A expectativa é que a implementação aconteça em conjunto com o lançamento de uma nova liga de primeira divisão, prevista para estrear em 2028.
Mudança estrutural sem precedentes
A adoção de promoção e rebaixamento tem potencial para reconfigurar profundamente não só a USL, mas todo o futebol profissional nos Estados Unidos. Atualmente, o esporte no país funciona sob um modelo de ligas fechadas, nos moldes das grandes ligas esportivas americanas como NFL, NBA, MLB e NHL. A principal divisão do futebol nos EUA, a Major League Soccer (MLS), também opera dessa forma, sem risco de queda ou oportunidade de acesso esportivo, com definição do campeão por meio de playoffs.
Ao contrário da MLS, que funciona como uma entidade única e centralizada, a USL busca agora construir um ecossistema mais aberto e competitivo, onde o desempenho esportivo determinará a ascensão ou queda dos clubes entre as divisões. A ideia é reforçar a meritocracia no esporte e criar novas histórias de superação e glória que, segundo os dirigentes da liga, podem atrair mais atenção do público e da mídia.
Discussão antiga que ganhou força com nova liga
A ideia de implementar promoção e rebaixamento já havia sido debatida pela USL em 2023, mas não avançou por falta de consenso. A situação mudou nas últimas semanas, impulsionada pelo anúncio da futura liga de primeira divisão da USL e a resposta positiva do mercado e da torcida ao projeto. A partir disso, os proprietários dos clubes foram motivados a agir e, desta vez, aprovaram a medida.
As informações são do site The Athletic.
A liga ainda estuda o formato ideal para o novo sistema, que deve ser definido nos próximos anos. Os ajustes devem incluir também uma revisão das normas da federação de futebol dos EUA, que atualmente impõe exigências rígidas para os clubes de cada divisão. Com a nova dinâmica de acesso e queda, será necessário flexibilizar critérios como capacidade de estádio, exigências financeiras e estrutura organizacional, para acomodar as mudanças.
Riscos e oportunidades
A principal preocupação de alguns donos de clubes era o risco de perda de receita em caso de rebaixamento, realidade enfrentada até mesmo em ligas muito mais ricas, como a inglesa Premier League. No entanto, a USL avalia que esse impacto será menor em sua realidade. Isso porque a liga é menos dependente de grandes contratos de mídia e gera a maior parte de sua receita por meio de bilheteria, venda de alimentos e bebidas nos jogos, além de patrocínios locais — fontes de renda menos voláteis no curto prazo.
Mesmo com um acordo vigente com a rede CBS, a audiência da USL ainda é modesta em comparação às grandes ligas. A final da temporada passada teve 431 mil telespectadores — número próximo ao registrado pela final da MLS na TV aberta (468 mil na Fox e Fox Deportes, sem contar a audiência via streaming). Com o novo formato, dirigentes da USL enxergam grande potencial de crescimento da visibilidade e do interesse da mídia, tanto nos EUA quanto no exterior.
Torcedores americanos ganham novo motivo para acompanhar
A decisão também atende a uma antiga demanda de parte dos torcedores americanos, que há anos clamam por um modelo mais competitivo e dinâmico.
Séries de sucesso como Welcome to Wrexham e Ted Lasso contribuíram para popularizar a narrativa romântica do futebol inglês e do sistema de promoção e rebaixamento, aumentando a curiosidade e o fascínio do público pelos altos e baixos da escalada esportiva.
Com a mudança, os fãs da USL poderão vivenciar essas emoções no próprio país, acompanhando as batalhas de clubes menores buscando ascender à elite e grandes equipes lutando para evitar o rebaixamento.
A USL, agora pioneira no cenário norte-americano, dá o primeiro passo rumo a um modelo que já é a norma em quase todo o mundo. Resta saber como o sistema se desenvolverá e qual impacto terá, a longo prazo, no futebol dos Estados Unidos. Mas uma coisa é certa: a história começou a ser escrita.
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